domingo, 29 de setembro de 2013





Que eu não perca a fé ainda que tudo à minha volta me mostre o contrário. Que eu compreenda que não serão todos os dias de felicidade, mas que cabe a mim ver o lado bom nas coisas. Que sempre existirão dois caminhos, e que nem sempre aquele que pode ser o certo num momento pode me levar ao lugar desejado. Que errar faz parte, o que conta é como eu lido com isso. Que aprender a lidar é a parte mais difícil na vida, mas que se eu não desistir de mim, tudo pode ser possível. Porque cabe a mim dar significado a tudo. Eu sou aquilo que penso, aquilo que sinto.

Simony Thomazini

sábado, 28 de setembro de 2013

Nas dependências da ausência





O Pedro era daqueles caras que você se apaixona logo de cara. Não tinha uma beleza que atraía olhares por onde passava, mas tinha aquela outra beleza, a que eu costumo chamar de "beleza perigosa". Daquelas que se crava a mente, cria-se raízes... inesquecível. Portador do sorriso mais sincero e do olhar penetrante capaz de levar a insônias infinitas.
Nos apaixonamos. Ele era aquele homem que toda mulher gostaria de ter ao seu lado. Atencioso, prestativo, carinhoso e outros adjetivos mil. Mas, como nada na vida é perfeito, Pedro tinha o pior dos defeitos. Gostava de ser ausência. A pior ausência é aquela imposta. Não aquela necessária, mas aquela que começa como uma brisa e se torna por fim uma tempestade.Nunca entendi o motivo de sua ausência. Nunca entendi se era comigo o problema. A gente não conversava mais. A tempestade fora tamanha que eu precisei tomar uma decisão.  Por mais que eu tentara negar, tomou conta de mim por completo.Depois de várias tentativas vãs de perguntar o motivo, consegui uma que finalmente mudou tudo.
Pedro me disse que estava cansado. Que estava confuso. Que não sabia mais o que sentia por mim. Um filme de imagens, palavras, passou pela minha mente. Típico de toda mulher insegura ao ouvir isso o acusei de ter conhecido outra mulher, mas ele se negou. Disse que o problema era com a gente e como não sabia o que fazer, se ausentava.
Não disse mais nada ao ouvir aquilo, apenas que gostaria de ficar sozinha porque precisava pensar. Um gesto covarde de quem não sabe o que fazer é se ausentar. É tomar emprestado o silêncio pela miséria de atitudes. Pedro se tornou definitivamente, ausência.
                                                                                     *

Se passaram 6 meses quando tenta uma reaproximação.
- Oi, como você está?
-Oi. Tem ficado mais fácil Pedro se é o que quer saber.
-Calma, apenas perguntei se...
O interrompi no mesmo instante em que seus lábios estavam prestes a pronunciar algo que eu já estava cansada de saber. O que ele queria?
-... se eu estava bem e blá blá blá. Já respondi.
Algo devia ser feito e eu sabia disso. Olhamos-nos entre olhares confusos, vazios, distantes. Olhares que esperavam respostas, porém sem perguntas. Ainda conseguia sentir as faíscas que nós dois causavam quando juntos. Pra minha integridade mental eu sabia que deveria ficar longe.

Seja lá o motivo pelo qual ele se cansou de nós, hoje eu não quero mais saber. 
O tempo resolve o que precisa resolver. E o buraco que ele deixou, foi fechado.As cicatrizes que se formaram com a ausência dele, só me revelou aquilo que eu já sabia: ausência imposta não é atitude de quem se ama. E se ele não me amou ou não pôde me amar,eu não perdi absolutamente nada, pelo contrário, aprendi que pra que um novo amor chegue, o antigo precisa ir.


Simony Thomazini