domingo, 17 de julho de 2011

Ela.




Ela é todo mistério. Indecifrável. Um misto de emoções. Um misto de alucinações. Mimada diriam. Dramática e temperamental. Ela é todo desejo e todo tormento. Ela quando gosta, quer pra si, quer cudar de um jeito seu, peculiar, mas seguro. Ela não brinca, só quando pedirem. É generosa, sabe reconhecer. Sabe o caminho, mas muitas vezes não sabe como chegar. Usa atalhos. Escolhe o gosto mais ácido ao ócio. Tudo por adrenalina, tudo pra fazê-la voar. Sair do consenso, sair do convencional. Sair de si.  Ela quer mais do mesmo, mas nunca o mesmo. Ela quer sentir, quer tudo que possa tocar. Ela? Quer o avesso do avesso de si mesma.

Sii Thomazini


”Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonhar, de sonhar sempre, pois sendo mais do que uma espectadora de mim mesma, eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso. E assim me construo a ouros e sedas, em salas supostas, invento palco, cenário para viver meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis.”

Fernando Pessoa

Esse seu olhar...




Eu queria entender esse seu olhar. Juro, eu queria! Você me olha e me ama, como nunca fui amada antes. Mas quando fala, sinto o ódio por todos os poros da sua pele. Não entendo. Porque me ama, se me odeia? Ou seria, Porque me odeia se seus olhos revelam amor? Não entendo.
Palavras, olhares. Não há muito sentido nisso. Não há lógica, qualquer pessoa diria. Ou me ama, ou me odeia. Esse jogo não me interessa mais. Quero o inteiro, não a metade. Ninguém é feliz com metade. E metade por metade prefiro o nada. Que nada causa, nada perturba, nada, nada.

Simony Thomazini

terça-feira, 12 de julho de 2011

Dama da noite



"Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota - tá me entendendo, garotão?
(...)...mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado comigo: um dia encontro.(...)Eu tenho um sonho, eu tenho um destino, e se bater o carro e arrebentar a cara toda saindo daqui continua tudo certo. Fora da roda, montada na minha loucura. Dá minha jaqueta, boy, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada"

Caio Fernando Abreu

domingo, 10 de julho de 2011




Digo-lhe adeus
Sim, eu posso dizer.
Eu posso gritar, eu posso...
Quer ouvir?
A_D_E_U_S.
Lentamente, vagarosamente, cortando, dilacerando cada vestígio que resta aqui.
Não grito pra você ouvir.
Grito pra mim ouvir e repetir todas as vezes enquanto viver
Pra que a dor diminua a cada dia.
E pra que alguém do outro lado ouça e possa me salvar.


Simony Thomazini

sexta-feira, 8 de julho de 2011











Tô pagando pra ver sim, tô com a cara exposta sim, e pode doer o quanto for, podem maldizer o quanto for, o sorriso que eu levo hoje apaga todos os outros rastros. Eu aprendi, aos trancos, que ser feliz não dói. Ser feliz não dói!


Tati Bernardi

domingo, 3 de julho de 2011




- Eu realmente te amei Stephen.
- Eu sei. Mas eu continuo amando você
- Então, me ame.
- Mas sinto saudades de você.
- Então, sinta saudade.
- Me mande amor e luz sempre que pensar em mim e esqueça.
- Não vai durar para sempre.
- Nada dura.

Filme: Comer rezar amar

sexta-feira, 1 de julho de 2011


Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver
a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação
inteira é um dos sentimentos mais urgentes
que se tem na vida.

Clarice Lispector